Se o nome Jeffrey Dahmer não se tornou conhecido pelo famoso caso da década de 90, certamente, alcançou a popularidade graças à minissérie produzida pela Netflix. A obra em questão leva o nome “Dahmer: Um Canibal Americano”, e retrata a história dos assassinatos cometidos pelo serial killer entre os anos de 1978 e 1991.

Desde o seu lançamento, a produção alcançou números estratosféricos de audiência, chegando à marca de 196,2 milhões de horas assistidas na sua primeira semana completa. Mas, junto com o sucesso, vieram as críticas e comentários sobre o seriado, tornando-o um dos mais polêmicos na atualidade.

Neste artigo, listamos os motivos que deram esse status à obra “Dahmer: Um Canibal Americano” da plataforma de streaming, além de outras informações sobre esse caso que chocou o mundo.

Jeffrey Dahmer: a história real…

Jeffrey Lionel Dahmer foi um dos assassinos em série mais notórios da América. Entre 1978 e 1991, ele foi responsável por vitimar 17 homens e garotos, praticando atos hediondos e cruéis, ao ponto de consumir a carne de algumas de suas vítimas e guardar os restos na geladeira. Por esse motivo, ficou conhecido como “Canibal de Milwaukee”.

As investigações realizadas na época revelaram que Dahmer começou a cometer crimes de assassinato com 18 anos, quando estrangulou um rapaz e se desfez do corpo três semanas após se formar no colegial. Além disso, os profissionais envolvidos no caso atribuíram o comportamento de Jeffrey aos problemas familiares e à instabilidade que o, até então, jovem, apresentava.

Preso pela primeira vez em 1986, ele foi diagnosticado com vários transtornos e colocado em condicional no ano seguinte. Mas, sua prisão efetiva aconteceu apenas em 1991, quando recebeu 16 sentenças de encarceramento perpétuo. Três anos depois, no dia 28 de novembro de 1994, foi espancado até a morte por Christopher Scarver, outro detento da Columbia Correctional Institution, prisão de segurança máxima.

Como Dahmer agia

De acordo com as investigações, Dahmer aprimorou o método que usava com os garotos com quem saía. Ele os abardavam nos bares e saunas gays, inventando pretextos para fotografar os rapazes em troca de dinheiro. Quando ganhava a confiança dos jovens, ele agia, drogando-os e estuprando-os.

O assassino agiu dessa maneira com mais de uma dezena de homens, a maioria, negros. Mas, em julho de 1991, uma de suas vítimas, Tracy Edwards, de 32 anos, fugiu e pediu ajuda a dois policiais. Pouco tempo depois, Jeffrey foi preso.

E a ficção

Na ficção, Dahmer é vivido por Evan Peters. A produção, no entanto, é baseada no ponto de vista das vítimas, e aborda profundamente a incompetência e apatia da polícia que permitiu que ele continuasse em ação por mais de uma década.

A minissérie da Netflix, produzida por Ryan Murphy, responsável por levar às telas a vida do assassino de Versace, mostra os detalhes mais cruéis do caso, expondo os delitos inescrupulosos de Jeffrey, centrado nas pessoas que sofreram em suas mãos e nas comunidades impactadas pelo racismo sistêmico.

Afinal, por que “Dahmer: Um Canibal Americano” se tornou polêmica?

Embora “Dahmer: Um Canibal Americano” tenha alcançado o posto de terceira série mais assistida da história da Netflix, é impossível ignorar as várias críticas de pessoas que a classificam como “insensível”, de acordo com a reportagem publicada pela BBC News Brasil.

Assim, ao mesmo tempo em que se tornou um sucesso da plataforma, a produção apresenta diversos aspectos polêmicos, sobre os quais falaremos nos tópicos a seguir.

Falta de consentimento dos familiares das vítimas

Como dito anteriormente, em “Dahmer: Um Canibal Americano”, a trama é contada a partir do ponto de vista das vítimas do serial killer. O problema é que, segundo as informações dos portais de notícias americanos, os familiares e os sobreviventes não foram consultados antes de terem suas histórias expostas para o mundo todo.

Rita Isbell, irmã de Errol Lindsey, um garoto que, quando foi assassinado por Dahmer, tinha apenas 19 anos, fez uma declaração comovente no julgamento de Jeffrey em 1992, mas, conforme a reportagem da BBC, ela não foi informada de que o acontecimento seria retratado na série.

“Quando vi parte da série, isso me incomodou, especialmente quando me vi, quando vi o meu nome na tela e essa senhora dizendo palavra por palavra exatamente o que eu disse. Eu sinto que a Netflix deveria ter perguntado se nos importaríamos ou como iríamos nos sentir. Não me perguntaram nada. Eles apenas fizeram aquilo”, disse ao site Insider.

Traumas

Com a produção sendo uma das mais assistidas do mundo e o nome de Dahmer comentado em todas as redes sociais, os parentes das vítimas tiveram que reviver todos os traumas novamente.

Eric Perry, primo de Lindsey, comentou em seu perfil do Twitter como ele e sua família se sentiram com a situação.

“Está nos retraumatizando, e para quê? De quantos filmes, séries e documentários precisamos?”, indagou.

“Recriar minha prima (Rita Isbell) tendo um colapso emocional no tribunal diante do homem que torturou e assassinou o seu irmão é insano”, lamentou.

Romantização do serial killer

Por um lado, a série da Netflix, também disponível na claro tv,  foi importante por ajudar a mostrar a omissão da polícia e do Estado que conduziram a investigação pautada pela homofobia e racismo, mas, por outro, abriu brechas para interpretações equivocadas de alguns telespectadores, que começaram a sentir empatia por Dahmer.

Esse sentimento, no entanto, pode ter sido gerado pela escalação e popularidade do ator, que fez com que o público também enxergasse Dahmer apenas como um personagem, e não como uma pessoa de uma história real. Isso levou a um grande problema: à romantização do serial killer.

Dramaticidade da série

“Dahmer: Um Canibal Americano” também gerou controvérsias para alguns jornalistas que noticiaram e acompanharam o caso na época.

Anne E. Schwartz, jornalista que noticiou a história de Jeffrey em 1991, disse ao jornal britânico The Independent, que a produção “sacrificou a precisão pela dramaticidade”.

A profissional ainda afirmou que os produtores utilizaram uma “licença poética” para contar os detalhes importantes e que a obra “não tem muita semelhança com os fatos do caso”.

Categorização da Netflix como um programa LGBTQIA+

Quando a minissérie foi lançada, a Netflix a categorizou como um programa LGBTQIA+, o que gerou muita revolta com os usuários. Embora mostre a vida de jovens gays que foram vítimas de assassinato, a temática é totalmente diferente do histórico das produções em cartaz na plataforma.

Por isso, após as críticas, esse rótulo foi removido da série.

Audiência assustadora

Surpreendentemente, as críticas e polêmicas que envolveram a produção não a impediram de ter ótimos números de audiência. “Dahmer: Um Canibal Americano” alcançou o posto de terceira série mais assistida da plataforma, atrás apenas do fenômeno sul-coreano “Round 6” e de “Stranger Things”.

Para se ter uma ideia, nas três primeiras semanas após o lançamento, a minissérie acumulou impressionantes 701,37 milhões de horas assistidas.

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